Festival Elos: o sentido de comunidade

Aristóteles, filósofo da Grécia Clássica, distinguia a necessidade própria dos homens de viver em conjunto, onde o homem, imperfeito e carente, encontrava a sua forma integral na comunidade, sendo então um animal politico. Do grego  koinonía (comum), surge a essência nas relações cristãs que vinculam o “um” com os “muitos”, levados a constituir relações éticas no reconhecimento da relação com o outro, baseados numa organização comunitária. Os Aimarás estruturam sua forma de organização social e econômica através da unidade básica Ayllu (comunidade), sobre a crença da complementariedade entre pares opostos. O conceito de comunidade atravessa a maioria de culturas em diversos períodos, estruturando bases organizacionais e inspirando relações recíprocas de solidariedade em sociedades antigas e modernas.
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Quais os conceitos fundamentais da comunidade? O que podemos aprender das Comunidades Tradicionais? O que precisamos transformar em nós para impulsionar a vida comunitária? São algumas das perguntas que orientam a discussão na mesa de abertura: “Cultivar comunidades para construir o mundo que todos sonhamos”.
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Rodrigo Rubido (Instituto Elos)  foi nosso mestre de cerimônias, e abriu a primeira roda de conversa do Festival Elos falando sobre o sentido de comunidade: ” Aprendemos muito aqui nos Morros, os lugares que estão atrás dos cartões postais de Santos. Aqui tem um tesouro sobre o que é comunidade”.
Fez os agradecimentos para a CODESP, porque o Festival aconteceu porque nos inscrevemos para um edital. A ADM, que fez um aporte financeiro institucional no final de 2015. A Sociedade Melhoramentos da Nova Cintra; G.R.C.E.S. Unidos dos Morros; Direção, Coordenação Pedagógica e Professores das escolas Deputado Rubens Lara e Dr. Cyro Athayde Carneiro; SESC Santos; Unisantos, Unisanta, Unifesp, Unimonte. Prefeitura Municipal de Santos, em especial, ao Bezzi da Regional dos Morros e o Fabio da Secretaria de Cultura. E aos moradores da Nova Cintra, Santas Maria e Vila Progresso que vão receber os participantes durante os próximos dias!!!

Ele explicou que o Elos começou a ver comunidades em todos os lugares que a gente trabalha, pois tinham uma identidade comum: bairro, escola, empresa.
“O bom é quando tem um propósito em comum, quando um apóia o outro para a construção de um bem comum”.
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Kaka Wera, criador do Instituto Arapoty, e nosso abençoado e inspirador amigo, desde o princípio do Elos, e que esteve presente todos os Guerreiros Sem Armas, trouxe para a roda de conversa o termo tekoá, que significa aldeia guarani, ou ainda, comunidade boa para se viver.
Porém, ele não se refere apenas ao lugar habitado, a maloca, pelo grupo guarani. Literalmente, significa o lugar do modo de ser guarani, sendo esta categoria modo de ser (tekó) entendida como um conjunto de preceitos para a vida, que fazem parte das regras cosmológicas herdados pelos antigos guaranis.
Para construir a maloca é feita uma grande reunião para distribuir as tarefas, buscar recurso e fazer a construção. Tudo é regido por 4 grandes regras:

1. Respeito ao diferente
2. Respeito pela arte de fazer os acordos
3. Entender o profundo significado do que é família, e que não é composta apenas pelos laços consangüíneos, mas pelos moradores, os animais das redondezas, e o próprio lugar onde moram, que é considerado como ago vivo.
4. Reconhecer que somos todos interdependentes.
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Luis Kehl, é arquiteto e autor do livro “Uma breve história da favela”, começou dizendo na roda de conversa da abertura do Festival Elos que é preciso dançar a aldeia, antes de construir a aldeia.
A comunidade nasce de um compartilhamento da cultura, das histórias, da música, se não temos uma ideia em comum, não é possível construir uma comunidade.
Ele mostra através de dois desenhos, um com quadras todas iguais, com as casas no centro, e outro com casas espalhadas, tudo misturado e pergunta onde está a ordem e onde está o caos.

Para surpresa dos participantes, eles diz que o caos está naqueles lugares onde as quadras são todas iguais, como nos conjuntos habitacionais. pois é no caos que você não distingue uma coisa da outra, como as casas que são todas iguais.
A questão é que hoje a sociedade que foi construída por comunidades, poe vínculos comuns, foi substituída pela lógica do consumo. Não há laços afetivos, e sim, fidelização da marca. Como é importante reconhecer os lugares de resistência a estes modelos, como as favelas, a periferia, e os a áreas dos morros.
Assim como começamos o dia com a poesia do Arquimedes Machado, o Kehl terminou recitando a música “Saudosa Maloca”, de Adoniran Barbosa, para mostrar como o consumo ficou no lugar do afeto:
Se o senhor não tá lembrado
Dá licença de contá
Que acá onde agora está
Esse aditício ardo
Era uma casa véia
Um palacete assobradado
Foi aqui seu moço
Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca
Mas um dia, nós nem pode se alembrá
Veio os homis c’as ferramentas
O dono mandô derrubá
Peguemos todas nossas coisas
E fumos pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nós sentia
Cada táuba que caía
Doía no coração
Mato Grosso quis gritá
Mas em cima eu falei:
Os homis tá cá razão
Nós arranja outro lugar
Só se conformemo quando o Joca falou:
“Deus dá o frio conforme o cobertor”
E hoje nós pega páia nas gramas do jardim
E prá esquecê, nós cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida
Dim-dim donde nós passemos os dias feliz de nossa vida
Saudosa maloca, maloca querida
Dim-dim donde nós passemos os dias feliz de nossas vidas
O Festival Elos é uma parceria com a Codesp, e tem apoio da EC Juventude da Nova Cintra, G.R.C.E.S.Unidos dos Morros, Paróquia São João Batista, Subprefeitura dos Morros de Santos – PMS, Secretaria de Cultura – PMS, SESC Santos, Sociedade Melhoramentos Morro Nova Cintra, Unisantos. Apoio Institucional ADM

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