Com o Programa GSA, Nomonde Bunkine (GSA 2023) trouxe o autocuidado para o seu dia a dia

O Programa GSA, nossa formação internacional de lideranças transformadoras, é uma mistura de muitos elementos. Das rodas de conversa – como faziam nossos ancestrais -, aos jogos cooperativos, passando pelo Open Space, World Café e até oficinas de desenho colaborativo de projetos. Tudo é costurado pela Metodologia Elos, que é o fio condutor da formação.

Clique aqui e entenda mais sobre o Programa GSA, nosso projeto de formação de lideranças.

Muito além de todo esse baú de conhecimentos aplicados de maneira prática, nascem também os diálogos transversais, sobre temas universais: racismo, machismo, feminismo, xenofobia, desigualdades sociais, saúde mental, mercado de trabalho, e tantos outros. Às vezes essas conversas emergem de atividades estimuladas. Em outras, é uma situação vivenciada ou uma lembrança ativada, por exemplo, que deixa as conversas muito ricas, deixando os espaços de intensas reflexões, questionamentos e autoconhecimento.

Na edição de 2023, o programa contou com a participação de mulheres incríveis que, chegando agora na reta final do Caminho da Expansão (último módulo – do qual já falamos nestes textos aqui e aqui), se deram conta do quanto esta experiência foi importante para que eles se conectassem a elas mesmas, com o poder do autocuidado e do amor próprio.

Mulheres como a sul-africana Nomonde Bunkine, de 53 anos, que afirmou: “se  há algo que levo da experiência da GSA é o autocuidado. Sou o tipo de pessoa que sempre se doou muito a muitas pessoas, à minha família, aos meus amigos, à minha comunidade e, nesse processo, acabei não me preocupando comigo mesma. O que rejuvenesceu em mim com a experiência do GSA foi o cuidado comigo mesma, o amor por mim mesma“.

A fala da Nomonde evidencia o quanto mulheres do mundo todo gastam horas e horas de suas vidas com um trabalho quase sempre invisibilizado e não remunerado – a chamada economia do cuidado. Isso faz com que elas deixem de olhar e cuidar de si para se dedicar à casa e às outras pessoas que as rodeiam. Um trabalho que sustenta a organização social, de “manutenção da vida”, que inclui:

“dar banho e fazer comida, faxinar a casa, comprar os alimentos que serão consumidos, cuidar das roupas (lavar, estender e guardar), prevenir doenças com boa alimentação e higiene em casa e remediar quando alguém fica ou está doente, fazer café da manhã, almoço, lanches e jantar para os filhos, educar e segue por horas a fio” [fonte: Relatório Economia do Cuidado, Laboratório Think Olga, 2020*]

Muito se fala de empoderamento feminino hoje em dia, mas para promover uma transformação estrutural como essa, de valorização e redistribuição de tarefas e, consequentemente, mudança na qualidade de vida de mulheres do mundo todo, serão necessárias diferentes estratégias – além do reconhecimento de que dentro desta discussão ainda cabem recortes de gênero e raça para que a análise e respostas sejam de fato sistêmicas.

Não é novidade que este desafio é imenso, mas e se fosse possível abrir cada vez mais espaços para falar sobre o tema, expor opiniões, circular possíveis soluções*? 

Não existem respostas prontas, mas por aqui, e a partir deste depoimento da Nomonde, percebemos e reforçamos a nossa crença no potencial que processos de autoconhecimento têm para promover despertares e transformações individuais. E não é assim que as transformações coletivas começam, também? 

Num mix de celebração e nostalgia, com reflexões como essa e muitos outros aprendizados registrados, é que se encerra o ciclo de mais uma turma GSA. Chegou a hora de dar boas-vindas à turma 2024… e em breve contaremos quem são as pessoas que já estão confirmadas para a próxima edição do programa!

*Para ler o relatório completo da pesquisa da Think Olga, acesse: https://lab.thinkolga.com/relatorio-final-economia-do-cuidado/ 

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