Acaraú, Vale Novo e Paratinga recebem equipes de facilitação do Instituto Elos que, com apoio das prefeituras e da companhia ferroviária, implementam estratégias de diálogo com a comunidade para ações de responsabilidade socioambiental nos territórios

Às margens da rodovia Imigrantes e no pé da Serra do Mar, três territórios possuem fronteiras próprias e que se diferenciam do mapa das cidades da Baixada Santista, formando bairros que cruzam os limites entre os municípios: Acaraú, Paratinga e Vale Novo, localizados em terras que atravessam os municípios de São Vicente, Cubatão e Praia Grande.   

Companhia ferroviária e de logística brasileira, a Rumo percorre uma malha ferroviária que 

atravessa diversos territórios da Baixada Santista em direção ao Porto de Santos, um dos seus principais focos de atuação. 

Em busca de uma aproximação maior com as comunidades que atravessa, a empresa juntou-se ao Instituto Elos para um projeto de diagnóstico socioambiental, para compreender desafios enfrentados pelas comunidades e cenários para uma possível parceria de desenvolvimento comunitário e territorial com os moradores. 

Na Baixada Santista,  Acaraú, Paratinga e Vale Novo foram as comunidades escolhidas para o acompanhamento do projeto Rumos/Instituto Elos. 

“São territórios que abrigam trechos importantes da malha ferroviária utilizada pelos vagões da Rumo, e que a mesmo tempo contam com características muito peculiares e que muitas vezes as afasta do perfil de território mais comum aqui na Baixada”, explica o diretor da área de projetos em Soluções para organizações do Instituto Elos, Paulo Farine. 

Ele também destaca que Acaraú, Paratinga e Vale Novo se assemelham pelo distanciamento geográfico dos principais serviços para a população, como escolas e centros de saúde, o que motivou o projeto a pensar em iniciativas para fortalecer o sentimento de comunidade nos territórios.         

“Ao investir no protagonismo comunitário dos moradores, realizamos um convite para que o sentimento de pertencimento contribua para despertar, em cada comunidade, o potencial de transformação por meio do exercício da cidadania de cada pessoa moradora e que se sinta parte dessa mudança”, explica.       

Sonhos para desafios reais

Na realização do diagnóstico socioambiental, a equipe de especialistas do Instituto Elos escutou pessoas residentes e consultou dados oficiais para o mapeamento dos principais desafios socioeconômicos de Acaraú, Paratinga e Vale Novo. Houve também um esforço para buscar parcerias institucionais com as prefeituras de São Vicente, Praia Grande e Cubatão para mapear a existência de ações públicas realizadas pelos municípios e compreender o grau de interesse em uma possível cooperação institucional com a Rumo.

São Vicente é a cidade com territórios ocupados pelas três comunidades. A comunidade de Acaraú está localizada na costa serrana de São Vicente, enquanto Paratinga ocupa os limites entre São Vicente e Praia Grande. Já os moradores do bairro vicentino Vale Novo utilizam os serviços públicos de Cubatão, pois a cidade está mais próxima ao território do que os próprios equipamentos públicos de São Vicente.      

Após a realização do diagnóstico em cada bairro, a equipe de facilitação do Instituto Elos começou a implementar ações de desenvolvimento comunitário, a partir de uma metodologia que busca a participação social ativa dos moradores, que construíram sonhos a serem realizados a partir de dias intensos de trabalho – a etapa de mutirões, ou Vivência Oásis, que faz parte da metodologia. 

Entre os sonhos em comum dos territórios, Paulo Farine destaca um olhar de afeto e cuidado, entre as comunidades, durante toda a execução dos planos. Ele explica que a construção coletiva proporcionada pela metodologia Elos foi uma forma de resgatar qualidades que, muitas vezes os moradores não conseguiam enxergar no seu cotidiano, como a atenção à primeira infância e às belezas naturais dos territórios.

“A partir dos mutirões, testemunhamos moradores que mal se falavam, mas que, a partir do sonho em comum, arregaçaram as mangas lado a lado. Estamos falando de três territórios localizados em pontos particulares da Baixada, com cachoeiras, a Mata Atlântica  ao redor. Quando as pessoas se unem para pensar em espaços de lazer para as crianças e em pontos de sinalização de tráfego e de cuidado ao lixo no ambiente, observamos que há uma conscientização de uma riqueza territorial que deve ser preservada”, ele reflete.