A gente investe tanto tempo fazendo, que às vezes esquece de separar um momento para celebrar. Sem a celebração, a vida é só uma pilha de dias uns depois dos outros em que, aquilo que é feito, é o próprio fim. Vamos deixando de lado o porquê fazemos o que fizemos. Ou, para quem que tudo foi feito. Sem ritual não existe comunidade.
Na Metodologia Elos, ritualizar a materialização dos sonhos coletivos é parte tão fundamental quanto colocar a mão na massa para tirá-los do papel. Quem conta essa história é o Sítio Conceiçãozinha, no Guarujá, um dos territórios parceiros do Instituto Elos.
Ninguém sabe mais, sabe diferente
Quando cada Programa GSA acaba e as participantes voltam às suas cidades e países, seguimos trabalhando com os territórios que acolheram as turmas daquele ano. Em 2024, São Manoel e Conceiçãozinha foram os territórios parceiros.
Chamamos de assessoria técnica o cultivo dessa troca permanente entre o time de facilitação institucional e as lideranças territoriais. Com essa assessoria, busca-se mapear os projetos coletivos de transformação de curto, médio e longo prazo, apoiando nas estratégias para torná-los viáveis.
Às vezes isso quer dizer criar uma campanha de mobilização de recursos, mas pode ser entregar um conhecimento técnico para que alguma ação aconteça, também.
Quando os saberes do Instituto Elos e dos territórios se encontram, a mágica acontece. Ou melhor, os sonhos é que acontecem. Foi assim nos últimos doze meses no Conceiçãozinha. Era isso que elas lembravam com a Festa da Esperança.
Celebrar é marcar no tempo
“Nunca senti tanto a importância do sexto passo como a gente sentiu agora, sabe”, explica a GSA 2014 Priscilla Pereira, moradora e facilitadora no Sítio Conceiçãozinha. Na Metodologia Elos, o sexto movimento é a Celebração: se juntar para reconhecer e celebrar a contribuição de cada pessoa na conquista coletiva.
Priscilla conta como foi mobilizar tanta gente para fazer acontecer um evento que teve de tudo: coisas boas para se comer e beber, decorações que conversavam com todas as crenças e gostos, apresentações culturais dos talentos da comunidade e, até, uma linha do tempo que convidou quem passava a se lembrar de tudo que aconteceu até aquele dia em que a Praça da Esperança estava ainda mais colorida, cheia e viva.
“Um nome mais do que simbólico para marcar esse ciclo de conquistas coletivas e de muito trabalho em conjunto”, explica. No último ano, Priscilla aponta que moradoras e moradores se encontraram a cada 15 dias organizando mutirões, oferecendo o que sabiam para cuidar daquele lugar.
O resultado já era percebido no dia a dia, mas era preciso deixar uma marca no tempo, um registro. Daí nasceu a ideia do evento. “A Praça da Esperança é, hoje, reflexo desse compromisso com o bem viver no território”, resume. E isso precisa ser contado em voz alta e foi o que elas fizeram com este evento.
Cada pessoa oferece o que sabe
Construir este dia contou com mutirões para pintura dos muros e organização de espaços para atividades coletivas. Cada etapa foi realizada de forma colaborativa: a comunidade ajudou na escolha das cores, na distribuição das tarefas e na logística do evento, tornando o processo de preparação dinâmico e participativo.
Além da estrutura física, o evento priorizou a identidade e a expressão comunitária. A pintura dos muros e a decoração dos espaços foram pensadas para representar a história e os valores do território, enquanto a programação contemplou momentos de celebração da esperança e das conquistas coletivas. O resultado final fortaleceu os vínculos, ampliou o sentimento de pertencimento e transformou a celebração em um marco de engajamento e orgulho comunitário.