Diálogos Elos 2024: O poder do encontro para a transformação do mundo

*Com a colaboração de Rodrigo Rubido, cofundador do Instituto Elos.

Como podemos nos apoiar para viver e agir em tempos tumultuosos? Esta foi a pergunta-guia para o Diálogos Elos 2024, um encontro que acontece dentro do Programa GSA, o Guerreiros Sem Armas, mobilizando pensamentos e ideias de quem está na linha de frente da ação social brasileira e internacional. GSA é o programa internacional do Instituto Elos que forma lideranças mobilizadoras para transformações sociais. Saiba mais aqui: https://institutoelos.org/gsa/ 

Este ano as palestrantes foram Helena Silvestre (MTST e Movimento Luta Popular), Bob Stilger (NewStories.org), Raquel Rosenberg (Engajamundo e Sumaúma) e Rodrigo Rubido (Instituto Elos). Costurando suas histórias de vida, as experiências que tiveram e os aprendizados pelo caminho, as pessoas convidadas buscaram apontar como promoveram os seus movimentos de transformação.

Os temas passearam entre a potência de se transformar, transformar à sua volta e do engajamento político; da esperança de dedicar a vida à utopia; do poder da escuta profunda.

UM MUNDO QUE CONVOCA NOSSA ATENÇÃO…

Parece que todos os dias recebemos notícias de um novo desastre. A vida de muitas pessoas em todo o mundo é perturbada por inundações, incêndios, tufões, tsunamis, guerra, fome. O impacto das chuvas que entre abril e maio deste ano assolaram o Rio Grande Sul deixando um rastro de morte e destruição, é a tragédia mais recente – mas não é a primeira nem a última.

Na Europa, no Oriente Médio, no Sudão, hoje, povos inteiros vivem os horrores da guerra. Nas periferias brasileiras e em outras tantas do mundo, a desigualdade e o descaso público, leva pessoas à convivência com catástrofes cotidianas, que seguem sendo normalizadas. A solução para esse cenário não parece simples e nem acessível para a maioria de nós, individualmente.

…E A NOSSA AÇÃO

Quando pensamos em regeneração planetária não está em jogo apenas as consequências do aquecimento global e questões relacionadas ao meio ambiente, mas também as relações humanas. É o que defendeu Helena, durante o bate papo.

“O encontro entre as pessoas é muito poderoso. Ficamos mais inteiros e inteiras, mais fortes. Conseguimos dar força ao que cada um tem de melhor. A gente consegue imaginar saídas para os problemas. O encontro é uma pergunta e uma resposta para a gente construir de verdade um lugar melhor”, declarou.

A potência dos encontros, inclusive, foi uma temática recorrente entre as pessoas convidadas – e que no fundo é também uma das razões que motivou a criação do Programa GSA (Guerreiros Sem Armas), há 25 anos, como bem lembrou Rodrigo, um dos fundadores do Instituto Elos: “A utopia de reunir pessoas diversas em torno de propósitos comuns, de sonhos comuns, foi um elemento fundamental que permitiu que a gente criasse o GSA”, ele lembrou.

“Uma outra coisa foi uma transformação da luta combativa, sair da ideia de que tínhamos um inimigo para destruir, para a ideia de que a gente tinha uma ação tão poderosa e ativa quanto essa de luta, mas que fosse em direção ao convite. Como podemos influenciar pessoas para escolher fazer algo bom?”, explicou Rodrigo.

O princípio é compartilhado por Raquel, que disse que “a gente precisava mostrar para cada jovem brasileiro que ao transformar a si mesmo, transforma também o seu entorno. E, se houver engajamento político, a gente pode transformar ainda mais”. Ela é criadora de uma das mais importantes organizações de juventudes e incidência política do país, o Engajamundo.

A GENTE LIGA OS PONTOS OLHANDO PRA TRÁS

Para Soraya, participante moçambicana do programa nesta edição de 2024, os caminhos podem ser diferentes, mas em comum está a união das pessoas para materializar seus objetivos:

“Todas as pessoas aqui têm um propósito e atuam em diferentes áreas: a Raquel está no clima, o Bob e o Rodrigo na transformação de vidas, Helena na terra. Todas elas têm um percurso diferente, mas para poderem alcançar o que têm hoje tiveram que se juntar a outras pessoas”, afirmou. “E todas elas não sabiam ao certo o que estavam fazendo, naquela hora, só se deram conta ao longo do percurso que era algo grande”.


Foto: Estudio Barbarella

E para Bob Stilger a transformação social passa exatamente por este lugar, de dar-se conta ao longo do processo sobre o que é preciso ser feito: “Não construímos um caminho para o futuro com definições sobre o que será este caminho, nós construímos um caminho ao caminhar nele. Aprendemos a construir caminhos escutando as pessoas e caminhando com elas”.

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