Como a educação é aliada para futuros acessíveis a mulheres negras e periféricas

Pesquisa do Instituto Elos mostra que, na Baixada Santista, lideranças comunitárias que combatem desigualdades sociais são negras e sem renda fixa; como superar o desafio?

Data comemorada há mais de trinta anos em 21 de junho, o Dia Internacional da Educação Não Sexista e Sem Discriminação foi instituído pela Rede de Educação Popular Entre Mulheres da América Latina e do Caribe (Repem) e é um momento para destacar os principais índices de desigualdades que são consequências da discriminação. E como uma educação combativa pode ajudar a combater os preconceitos e melhorar a qualidade de vida de diversos grupos minorizados.

Divulgados recentemente em ocasiões próximas da data, dados recentes indicam a urgência de olhar para a condição das mulheres negras.

No relatório “Construir caminhos, pactuando novos horizontes no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)”, dados da ONU revelam que 60% da população mais desfavorecida depende de mulheres negras no país.

Na Baixada Santista, outra pesquisa, conduzida pelo Instituto Elos, caminhou para um resultado similar: quando se trata de lutar pelos direitos de territórios periféricos, 78% das lideranças das comunidades da Baixada Santista são mulheres; 70% se autodeclaram negras e 96% não têm renda pessoal.

Dados que destacam a importância de mulheres negras para o cuidado na sociedade, mas que ao mesmo tempo alertam para a invisibilização do seu papel, que leva à falta de oportunidades para elas.

A educação deve ser um caminho para acionar a sociedade a projetos que combatam a discriminação e ofereçam oportunidades.

Educação que fortalece a luta

Desde o segundo semestre de 2023, o projeto Lab Causas busca promover um combate efetivo à desigualdade de gênero e raça por meio da educação social. A iniciativa surgiu para potencializar os talentos e interesses comuns de pessoas que integram a Rede GSA, formada por participantes anteriores do Guerreiro Sem Armas – programa internacional do Instituto Elos que, há 25 anos, oferece formação em impacto social para lideranças de diversas regiões do Brasil e do Mundo. Neste ano, o Guerreiro Sem Armas comṕleta 25 anos.

No Lab Causas, participantes da Rede GSA se conectam em torno de motivações em comum, e recebem aporte financeiro e pedagógico para o desenvolvimento de projetos a partir de uma temática. A edição atual é voltada ao antirracismo, em que as equipes receberam supervisão pedagógica de uma especialista no tema.

Entre as iniciativas que os participantes desenvolveram, destaca-se o Caderno dos Sonhos: atividades e espaços para anotações de metas de resultados co-criada com mulheres negras e periféricas da cidade de Guarujá, que além do acesso à ferramenta, também participaram de encontros para a construção de metas de curto, médio e longo prazo.

“As pesquisas indicam que a pauta do “quem cuida de quem cuida” é muito urgente para pensar nas desigualdades de gênero e raça, já que mulheres negras estão sendo a base não só da sua família, mas de toda a comunidade. E são as últimas a se beneficiarem com isso, pois são diretamente afetadas pela discriminação, que as privam de salários e outros direitos”, alerta a co-fundadora do Instituto Elos, Diretora Pedagógica e de Projeto, Natasha Gabriel.

Confira a repercussão na imprensa:

Nas últimas semanas, a partir da efeméride do dia 21 de junho, diversas reportagens apresentaram os resultados da nossa pesquisa. Na EBC, os dados foram destaque em –  Mulheres negras lideram maioria das comunidades na Baixada Santista

O portal Alma Preta também destacou a pesquisa:  Mulheres negras sem renda lideram maioria das comunidades na Baixada Santista

E, no dia 28 de junho, Natasha Mendes concedeu uma entrevista à rádio ISFM.

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