Gabriel, GSA 2014: o que eu senti voltando ao território quase uma década depois

Há quase dez anos, em janeiro de 2014, uma reportagem que contava ao mundo as transformações acontecidas na Vila Progresso, em Santos, começava assim: é possível sonhar e fazer acontecer. E em seguida mostrava como o Programa GSA havia transformado lugares para a convivência comunitária, a partir da escuta das vontades locais.

Gabriel Marmentini era um dos participantes daquela temporada. Ele voltou ao território que acolheu para uma visita cheia de lembranças e aprendizados.

Leia a reportagem que falamos acima clicando aqui.

Na casa dos 20 anos na época, a primeira coisa que chamou atenção de Gabriel foi sentir o inadiável: o tempo passa para todo mundo; territórios e pessoas. Enquanto o primeiro se transforma no jeito, com as ruas, as construções diferentes fisicamente, no segundo a ação do tempo é sentida na muda em perspectiva, de olhar sobre tudo que aconteceu.

“Tem uma galera que a gente ficou bem amigo durante o GSA. Éramos todos meio próximos de idade, né? Então foi da hora podermos botar o papo em dia, ver como é que cada um está”, explica Gabriel. Foram Lucas e Giovanni quem o guiou pela Vila Progresso de hoje. Tão diferente, mas de alguma maneira tão parecida.

“Os dois lugares que transformamos junto com a comunidade estão bem diferentes, não existem mais como eram naquela época. Nos contaram que as praças ficaram durante algum tempo, que foram úteis, mas as necessidades mudaram”, explica.

E aqui, um aprendizado: durante o GSA existem sim as transformações nos espaços físicos, mas é, especialmente, sobre mudar positivamente as relações de que se trata o que eles viveram. Ao menos para o Gabriel.

“É louco refletir sobre isso, né? Acho que, de fato, a entrega maior são os valores de amizade, o senso de comunidade, do estar junto, sabe. E não propriamente o equipamento, o que é construído”. Afinal de contas, reflete com os novos tempos, novas dinâmicas. E com elas, as novas necessidades.

Quatorze ônibus, todos cheios. Se a Comunidade GSA, que é como chamamos quem passou pela formação, resolvesse seguir o Gabriel e revisitar os bairros que acolheram as turmas, era dessa estrutura que o Instituto Elos precisaria: 14 ônibus de viagem. Já são 643 participantes, espalhados por 57 países.

Não querer perder a conexão, manter os laços vivos, é mais uma prova do quanto a experiência pode ser transformadora para os territórios, mas também para quem volta para casa. Caso do Gabriel.

“A gente deixa boas sementes aí plantadas e as coisas não germinando, então isso foi da hora ver que existem coisas ainda por lá. Acho que fez uma grande diferença”, defende. Dar movimento à esperança, mas também aos afetos e laços comunitários. É sobre isso.

Gabriel andou o mundo impulsionando mudanças, passando por países como Alemanha e Rússia. Formado em Administração Pública pela Universidade do Estado de Santa Catarina, já fez parte do Movimento Choice, AIESEC e Projeto Rondon aqui no Brasil.

Ajudou a botar no mundo a Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço e a Politize!, só para ficar em dois exemplos. Em 2022, foi uma das pessoas listadas no Under 30, da Forbes.

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