Metade das organizações sociais não tem CNPJ; e a Fernanda quer ajudar a resolver isso

Fernanda Gomes, GSA 2017, tem uma hipótese de mudança: investir na estruturação administrativa e contábil das iniciativas sociais e culturais é influenciar de maneira direta o seu impacto nos territórios.

Pendências contábeis impedem as lideranças comunitárias de acessarem financiamento público e privado, só para ficar num exemplo entre tantos problemas que podem nascer. E uma coisa leva a outra.

Sem dinheiro para fazer as atividades, os projetos se fragilizam e alguns chegam a encerrar suas atividades. Uma pesquisa inédita feita pelo Instituto Elos na Baixada Santista mostrou que 61% das organizações de base parceiras do nosso trabalho não têm conta bancária. E quase metade, 48%, não possui nem CNPJ.

Por isso, a Fernanda imaginou a Associa as Ações, que toca ao lado de mais três pessoas: Pedro Gabriel, Mariana Behr e a Vitória Santos. Só Gabriel não passou pelo Programa GSA.

Na ordem: Pedro Gabriel, Mariana Behr, Fernanda Gomes e Vitória Santos

Ela e o seu time estão estruturando uma metodologia para mapear e regularizar pendências do tipo, enquanto constroem processos e fluxos de trabalho que evitem problemas administrativos estruturais nas organizações de base a médio e longo prazo.

No piloto que está sendo rodado com apoio do Jovens Ideias, o Associa as Ações recebeu 11 inscrições interessadas na consultoria e selecionou 5 organizações neste primeiro momento.

Quando o Instituto Elos rodou uma pesquisa com a Comunidade GSA, que é como chamamos as pessoas que passaram pelo Programa Guerreiros Sem Armas (GSA), descobriu, entre tantas coisas, que era preciso apoiar mais de perto ideias que, inspiradas de alguma maneira pela Filosofia Elos, brotavam entre os mais de 640 participantes espalhados pelo mundo.

A maioria dessas ideias enfrenta o desafio do financiamento, seja por estarem em fase inicial – prototipagem ou piloto, seja pela complexidade da linguagem dos editais.

Fernanda é uma das oito pessoas que já passaram pelo Programa GSA que recebe apoio técnico e financeiro do Instituto Elos para prototipar, estruturar e sistematizar a sua teoria de mudança. Mais que financiar uma ação pontual, o objetivo do Jovens Ideias, que é como chamamos essa estratégia, é criar um ambiente seguro em que possam emergir tecnologias sociais populares que resolvam necessidades reais dos territórios. Como é o caso do Associa as Ações.

“Para mim foi muito gratificante participar desta seleção pois só assim vamos conseguir realizar nosso sonho de ser uma comunidade regularizada”, explica Carmelita Danúbia. Liderança da Vila dos Criadores, ela é uma das selecionadas do projeto.

Além dela, serão receberão a consultoria a Unificação das Quebradas, Associação de capoeira Pelourinho arte cultura esporte Brasil,  Grupo Lazer e Cidadania de Cubatão. E a Associação Comunitária de Moradores do Morro do Pacheco e a Associação de Melhoramentos da Vila dos Criadores, ambas de Santos.

Além de resolver as pendências fiscais e contábeis, incluindo aí custear documentações necessárias, o Associa as Ações oferece oficinas de gestão para o terceiro setor e a construção de identidade visual das 5 selecionadas.

Além do Associa as Ações, o Jovens Ideias apoia o Laboratório de Criação (Salvador, BA), Saberes do Povo do Remanso (Lençóis, BA), Cocriando TRANSformações (Campinas, SP), Associa as Ações (São Vicente, SP), Quilombo GSA – Tereza de Benguela (nacional), Colorindo a Quebrada com Poesia (nacional), Museu dos Sonhos Vivos (Recife, PE) e o Fim de Semana no Parque (Cubatão, SP).

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