Foi o Ronaldo Pereira, GSA 2011, quem trouxe essa pergunta poderosa durante o lançamento do Lab Causas, o mais novo projeto do Instituto Elos para impulsionar movimentos de transformação da Rede GSA. Mais de 60 pessoas participaram da roda de conversa virtual, em 24 de outubro. Nêgo Bispo, um dos mais importantes pensadores do Brasil foi a pessoa convidada para abrir os caminhos.
Antes de seguirmos: chamamos de Rede GSA quem passou pelo Programa Guerreiros Sem Armas – GSA. Hoje em dia somos mais de 700 pessoas, em mais de 60 países. Já o Lab Causas é um edital que apoiará duas Comunidades de Aprendizagem e Prática para investigar e propor ideias ao redor do tema dessa edição de estreia: por um mundo antirracista na prática. Uma parceria Instituto Elos e Imaginable Futures.
Sobre a pergunta poderosa, o Ronaldo e esse dia, foi assim que o Nêgo Bispo respondeu: “Saber orgânico é esse saber que compõe o ser, que envolve o ser. Então, ele vale toda a nossa vida, porque ele é a nossa vida”. Durante mais de duas horas, Nêgo Bispo passeou junto com mais de 60 Guerreiros Sem Armas por diversos assuntos e temas.
O ponto de partida e chegada foi sempre o título que pediu que colocasse em sua fala: por um mundo contracolonialista. Sobre isso, inclusive, ele explicou:
“Eu não sou deconolonial, eu sou contracolonial. Nós dos quilombos não fomos colonizados, então não tem como agora eu ser descolonizado”. Ele costurou isso com outro presente, em forma de pensamento: “A colonização nunca parou. Hoje em dia as pessoas estão levando o vento, estão levando o sol, em forma de energia”.
As perguntas seguiram, e foram muitas e poderosamente iguais a essas. No canal do Instituto Elos no Youtube você poderá acessar alguns cortes dos pensamentos trazidos por Nêgo Bispo, em troca com a Rede GSA. Para assistir clique aqui.
Esse encontro, que renderia muito mais a ser contado, foi o primeiro movimento do Lab Causas. Agora, as pessoas interessadas em participar do projeto estão demonstrando o seu interesse e serão construídas duas Comunidades de Aprendizagem e Prática. Os dois grupos recebem apoio financeiro e técnico do Instituto Elos para escolher um tema de interesse comum e passam a se encontrar para pesquisarem, trocarem entre si e pensarem ideias que ajudem a resolver aquele desafio social.
Por exemplo, um dos grupos pode querer elaborar pistas de ação sobre a saúde mental de mulheres negras que estão na linha de frente do trabalho social nos territórios.
E tem mais. Quem compor as duas Comunidades de Aprendizagem e Prática terá encontros exclusivos com Silvia Silva, Mestre em Psicologia Social e pesquisadora em CNV para diálogos e ações antirracistas. Nesses dias, as conversas serão uma espécie de alinhamento geral sobre o tema deste ano, uma partida de um lugar comum entre nós.
Os encontros, que acontecem ainda em novembro, tem como tema orientador o “Antirracismo em reflexões e práticas” e são divididos em três grandes conversas: histórico e alinhamento conceitual antirracista; estratégias para construção de ações antirracistas e fortalecimento de laços nas comunidades de aprendizagem.