Quando o Programa GSA, a formação internacional de lideranças do Instituto Elos, acaba, as pessoas participantes voltam para casa com muitas perguntas. Os aprendizados e as trocas que acontecem demoram um tempo para se assentar, para ganhar contornos, serem nomeados. E é por isso que há uma etapa no programa, chamada de Caminho da Expansão, para apoiar este momento.
Enquanto o Instituto Elos segue com as pessoas participantes no Caminho da Expansão, outro trabalho acontece com os territórios parceiros que acolhem as turmas. Chamamos essa frente de Territórios em Movimento.
Inaugurado no sábado, 19, o Centro Comunitário Caminho Santa Maria é o resultado deste um ano de encontros, articulações e trocas com as lideranças territoriais e as pessoas que moram por ali, que é um dos bairros de Santos. Acaba o GSA, começa esta etapa, quando um time de facilitação apoia na materialização dos sonhos coletivos que emergem estimulados pela Metodologia Elos.
No caso do Caminho Santa Maria, duas grandes vontades ficaram fortes: ter uma horta comunitária e um espaço cultural multiuso. Ambos os espaços vieram ao mundo no sábado, nesta celebração. A Adriana, que mora há 30 anos por lá, foi uma das pessoas que viveu este dia histórico para o território. Não era um lugar de tijolo e tinta que ela via durante a festa, era um sonho antigo, mesmo.
“O Centro Comunitário é uma esperança de oferecer oportunidades para as crianças para além da rua”, explicou. “Há muitos talentos nelas, mas os nossos jovens ficam em casa, sem fazer nada, e aqui é um lugar que pode acolher eles para participar de atividades”. Adriana faz parte do grupo que fará a gestão do Centro Comunitário Caminho Santa Maria. Entre tantas coisas que acontecerão por lá, oficinas e experiências culturais. Ela, por exemplo, vai puxar um curso de tranças. Totalmente gratuito.
O Instituto Elos acredita que a materialização de espaços como este são importantes demais para serem resumidos a entrega do prédio, como um lugar físico. É preciso se atentar ao que acontece durante a construção, em cada reunião. A Adriana tem um testemunho sobre isso.
“Algumas das pessoas que estão aqui a gente nem tinha contato umas com as outras. Então, o Centro Comunitário foi um jeito de a gente se conhecer. Eu jamais imaginaria que estaria todo mundo aqui, como está hoje, nessa festa”, explicou.
Mãe de duas meninas e dois meninos, a Alessandra diz que o lugar é a certeza de que eles estarão bem cuidados, com boas opções sobre o que fazer com o seu tempo fora da escola. Ainda durante o GSA, em 2023, ela trouxe uma de suas filhas, de 10 anos, para o mutirão da horta, que fica no mesmo terreno. Foi uma experiência marcante para mãe e filha. Agora, ficou encantada com o resultado, em poder assistir a tudo pronto.
“Quando eu cheguei e vi tudo que aconteceu desde o ano passado, o meu coração foi só alegria. Eu não esperava que as coisas ficassem como estão agora. Quando eu olho este espaço, eu penso o quanto as minhas filhas podem usufruir das oportunidades daqui”, disse.
Além de uma equipe que faz a assessoria técnica junto ao território, o Instituto Elos apoiou financeiramente na construção do centro comunitário. Os recursos vieram de muitos os lugares, da Nota Fiscal Paulista às doações pontuais feitas por quem acredita no nosso trabalho. O Instituto Lapin mais uma vez esteve junto, doando brinquedos e toda a mobília. Agora que está oficialmente entregue, o espaço passa a receber atividades, de todos os tipos. É como disse a Alessandra: “Cada pessoa oferece o que sabe para que algo maior possa acontecer”. E aconteceu.