Val Rocha: a diversidade de existências constrói soluções que são plurais e inclusivas

Diante da pergunta “O que muda e se transforma na maneira de sentir, pensar e agir quando são mulheres liderando organizações dentro e fora do campo social?”, a primeira coisa que me ocorre é: depende de quem a mulher e de que tipo de organização estamos falando.

Existem espaços sociais tão formatados pelo patriarcado, que toda pessoa que chega à liderança precisa, necessariamente, adotar um padrão de atuação que é masculino, hétero e branco. Escolho então outro ponto de partida para a nossa conversa: o espaço em que é permitida, aceita e até, porque não, desejada, a existência de uma mulher líder. 

Em um ambiente assim, existem alguns aspectos que podem gerar grandes transformações. O primeiro deles é o entendimento de que as mulheres são diversas, perpassadas por uma série de marcadores: negras, brancas, ricas pobres, hétero, lésbica, mães ou não e um sem fim de combinações. Aceitar essa diversidade de existências traz consigo a possibilidade da discussão sobre esses diversos interesses e o principal resultado: soluções que sejam plurais e inclusivas, e não universais.

Em ambientes assim, uma das diferenças perceptíveis é o cuidado como algo estruturante, compartilhado e remunerado. Faz parte desse tipo de lugar um modo de fazer e pensar em soluções que resolvam o problema e ao mesmo tempo cuidem das pessoas. Mas como é isso na prática? 

Aqui no Instituto Elos, em que quase 70% do grupo de gestão é feminino, contamos com um espaço de cuidado com as infâncias. É um lugar em que duas cuidadoras apoiam mães e pais que trabalham na organização. O documento que rege essa iniciativa se propõe a pensar ações que apoiem a parentalidade, independente do formato da família. Ali se considera mães adotivas, pais adotivos, e acima de tudo o convite à participação e debate não pressupõe a mãe como única e principal cuidadora das crianças na família. Ao mesmo tempo privilegiamos e priorizamos a mãe e a criança durante o período de amamentação. 

Não é simples, não é fácil e não é perfeito.

Também celebro trabalhar em uma organização onde me vejo com 52 anos, plenamente ativa e participante das tomadas de decisão. Ainda tenho o privilégio de trabalhar ao lado de mulheres mais velhas. Infelizmente a contratação de pessoas acima dos 60 anos não é algo comum e me pergunto o porquê. Os argumentos são tantos quanto a sua falta de consistência. 

Trabalho com essas mulheres que estão cheias de energia, vontade de aprender, cheias de conhecimento, experiência e se sentem motivadas a contribuir para uma organização alinhada com os seus valores e propósitos pessoais.

Medir as pessoas por suas ações, como pessoas que são e não como objetos com um valor e potencial de venda, é talvez o maior benefício que a sociedade pode almejar, e que a liderança feminina tem o potencial de entregar.

Quem assina esse artigo: Val Rocha é Arquiteta por formação e gestora de desenvolvimento institucional no Elos. Há 17 anos se dedica a construir coletivamente uma organização capaz de gerar impactos. No Instituto Elos, já passou por todas as áreas institucionais de prestação de contas, gestão de relacionamentos, tecnologia e pessoas. Em cada uma aprendeu um pouco e foi o seu mosaico de saberes.

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