O sonho de uma cidade universal

“Auroville quer ser uma cidade universal onde homens e mulheres de todos os países possam viver em paz e progressiva harmonia acima de todos os credos, todas as políticas e todas as nacionalidades. O propósito de Auroville é realizar a unidade humana”– The Mother

Um dos motivos de escolher a Índia para nossa viagem de férias (minha e da Ariane, amiga e também da equipe Elos) foi a curiosidade em conhecer um país tão diferente e com tantas características em comum com o nosso. Passamos todos os meses de preparação sonhando com as cores, cheiros e sabores que encontraríamos por lá e no meio de nossas buscas, encontramos Auroville, que nos foi apresentada como uma ecovila e nos trouxe gratas surpresas (e, pra mim, claro, muitas perguntas!).

O Matri Mandir, essa bola dourada, é um centro de meditação utilizado pelos “aurovillians” e uma das atrações mais visitadas

Segundo a coordenação de lá, Auroville é um experimento em unidade humana, um projeto de cidade reconhecido internacionalmente, aprovado pela UNESCO e apoiado pelo Governo da Índia. A “cidade” foi fundada por um grupo apaixonado, seguidor dos ensinamentos do guru Sri Aurobindo (Auro vem do nome dele) e liderado por uma mulher conhecida simplesmente como “A Mãe”. Essas duas pessoas inspiraram o projeto, que iniciou em 1968 e atraiu centenas de pessoas do mundo todo que se propuseram a criar uma nova forma de viver. Mesmo não tendo a autonomia política de um município (pertence oficialmente a cidade Pondicherry), tem um dinâmica independente e muito peculiar.
Apesar da intensa admiração que todos os moradores de lá têm por essas duas pessoas, os “aurovillians” fazem questão de afirmar que não há “culto” em torno deles e que eles não podem ser comparados a uma seita: trata-se mesmo de um projeto, para o qual a boa vontade de fazer um experimento coletivo para o progresso da humanidade é suficiente para ganhar o passaporte de entrada.

Maquete idealizada da cidade

A utopia definitivamente estava presente quando o local foi projetado. A ideia era dividir em três grandes blocos e ter infraestrutura suficiente para abrigar até 50 mil pessoas. As pessoas que foram para lá no início são verdadeiras guerreiras. Mudaram para um pedaço de terra na Índia, onde não havia nada. Era como um grande cerrado, sem vegetação nenhuma e com terra infértil.
Eles foram responsáveis pelo reflorestamento de toda a área, construção das casas, de sistema de água, de eletricidade, tudo! Me emociona lembrar das conversas que tive com algumas pessoas que estão lá desde os anos 70. O grupo cresceu muito, mas não está nem perto da meta inicial. Hoje, 2200 pessoas moram lá permanentemente, misturadas a muitos moradores temporários e muitos, muitos visitantes (como nós), e enfrentando muitos desafios, como preservação ambiental, geração de renda, a convivência entre os próprios “aurovillians”, a convivência com as pessoas das vilas ao redor.

Durante os oito dias em que estivemos lá, percorríamos todos os caminhos de bicicleta, curtindo muito a vegetação abundante

São pessoas tão diferentes umas das outras (quero falar mais sobre isso em próximos artigos) que demorei a entender o que elas tinham em comum para querer compartilhar aquele lugar. E a resposta foi simples: elas têm o sonho e a crença. O sonho de construir uma cidade capaz de acolher a todos e a crença nos ensinamentos desse homem que se morreu faz tempo, mas deixou um legado que atrai pessoas do mundo todo.  Conhecer Auroville é, sem dúvida, conhecer uma história de paixão e conviver com pessoas que largaram tudo para viver uma utopia.

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