Escola de Transformação: Encontro de Futuro reúne 2 comunidades de Campinas

Depois de conhecerem os projetos sociais da Associação Monte Azul e da Unas- Heliópolis, os moradores dos Residenciais Sirius e Abaeté, do Minha Casa, Minha Vida, e vários parceiros que estão participando da Escola de Transformação*, se reuniram no Centro Cultural de Inclusão Social da Unicamp, para juntos pensarem o que querem realizar no futuro.

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O que o Abaeté e o Sirius fizeram na Vivência Oasis

Na abertura, além da introdução sobre a Escola de Transformação, os moradores apresentaram o que foi feito na Vivência Oásis em seus territórios.  Vilson e Patricia mostraram fotos da Vivência Oásis e falando sobre algumas belezas do Abaeté. Compartilharam as potencialidades do bairro, os sonhos, e maquete feita pela comunidade. No mão na massa, eles abriram 1250 covas e plantaram junto com os moradores e voluntários de outros bairros. Vilson ajudou a fazer bancos de madeira. Eles citaram ainda as atividades desenvolvidas pelo Caminhão do Desafio,do Museu Exploratório de Ciências da UNICAMP. E mostraram a talentosa equipe da cozinha.

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Muito bom ver os moradores, como o Robson, apresentando seus bairros e mostrando com foi a Vivência Oásis

Depois foi a vez do Robson do Sirius fazer sua apresentação.”Depois que começou a Escola de Transformação, começamos a passar por um processo de transformação. Depois que fizemos a visita de inspiração, vimos o poder da transformação do ser humano.”

Ele disse que todos precisam ter outra visão desse lugar, e pensar no futuro. “Acreditar que tudo o que estamos construindo hoje, vai ficar para os nossos filhos e os nossos netos. E quando estivermos mais velhos vamos olhar pra trás e dizer: o que eu fiz por eles. Que o ser humano simplesmente volte a ser um ser humano!”.
Herbert, facilitador da Equipe Elos, complementou falando sobre os brinquedos, pebolim feito na e pela comunidade com materiais locais, entre outras coisas feitas no espaço criado no Sirius.
Esporte e música, dois elementos que transformaram suas comunidades
Depois foi a vez, de dois convidados contaram suas histórias de vida que cruzam com a de projetos sociais de grande impacto.

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Felipe Ferreira (GSA 2014) criador do Instituto Novos Sonhos

Felipe Ferreira, do Instituto Novos Sonhos, é do Guarujá, Guerreiro Sem Armas 2014. Ele conta que teve uma infância muito boa, mas uma adolescência muito difícil. Quando jovem começou a trabalhar na feira e conheceu gente muito legal, onde conheceu inclusive a sua esposa. Com 22 anos começou a treinar Jiu Jitsu, onde aprendeu bastante coisa sobre a vida. Trabalhou em outros lugares. Passou por um período de instabilidade, foi por um caminho não muito bom, e começou a perder tudo o que havia conquistado, inclusive seu casamento.

“Estava numa vida muito errada: era uma vida que não tinha alternativa”. Passou alguns meses assim, e conheceu uma menina e começou a compartilhar sonhos com ela. Ela engravidou depois de 2 meses. O filho nasceu de 7 meses, muito mal de saúde. Aí ele prometeu que se o filho saísse bem dali ele iria mudar de vida. O filho não resistiu.
Ele ligou para avisar a família. Chegou um amigo Junior chamando para uma “fita errada” e ele não foi, pois ia enterrar o filho. O Júnior levou seis tiros. Aí ele ficou muito mal. Passaram-se 4 meses e ele entrou em depressão. Já não estava mais com a companheira. Um dia entrou no quarto, rezou e pensou o que faria se o seu filho estivesse ali. Aí começou a mudar a perspectiva, começou a trabalhar mais, mobiliar a casa, cuidar mais da vida.
Felipe ficou pensando do que poderia fazer para ajudar as pessoas. Contou que resolveu morar em um terreno na favela, “lá no fundo”, quando ainda não tinha intervenção pública. Voltou a treinar Jiu Jitsu e a dar aulas para as crianças da favela, e assim percebeu que queria trabalhar com crianças. Depois, uma empresa resolveu patrocinar o projeto.
Em 2012 conheceu o Guerreiros Sem Armas, quando foi o anfitrião da comunidade em seu espaço. Teve a oportunidade de participar do programa em 2014, participou do Jogo Oásis, e “foi a experiência mais incrível da minha vida, pois o Guerreiros Sem Armas me potencializou”.
Em 2015, conseguiu estar entre as 10 melhores equipes de Jiu Jitsu. Hoje tem mais de 200 alunos. Em 2016, plantamos uma horta comunitária, no terreno cedido por um morador. Temos uma biblioteca, que até saiu no jornal. Começamos com livros velhos, e armários velhos, mas com tudo arrumadinho. Aí uma empresa veio visitar, e ela reformou a biblioteca pra gente.

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Fabio e Claudio Miranda do Instituto Favela da Paz, Samba na 2 e Poesia Samba Soul

Claudio Miranda e o Paulo falaram sobre como a música mudou a vida de centenas de pessoas através do Samba na 2, Poesia Samba Soul e Instituto Favela da Paz.

“Nós crescemos no Jardim Ângela. 5 pessoas decidiram “mudar o lugar sem mudar de lugar”. Com nove anos montaram uma banda. Para juntar dinheiro todos trabalhavam, vendiam rifas na favela, etc. O irmão era um inventor, fazia os instrumentos com os materiais que tinham disponíveis. Em uma semana tinham os instrumentos. Perceberam que tinham o poder da intuição, aos 13 anos de idade: Queriam mudar a comunidade. “Víamos as pessoas sendo mortas, através dos tijolos”.

Começaram a tocar fora da comunidade, nos bairros vizinhos. Tocaram de graça, e a davam aulas. Eram muito respeitados em todos os lugares que iam tocar. Conversavam com todos. Hoje tem 16 projetos ligados a músicas e alimentação natural. Criaram um sistema de biogás. O Poesia Samba Soul foi para 13 países diferentes. Desde 2009 viajam para fora do país.

“O que a gente utiliza: a intuição e o coração. A gente percebeu que na música, primeiro passa pelo coração, depois a cabeça. Na música a gente serve as pessoas. Você serve e é servido. e quando a gente percebeu isso a gente viajou o mundo.”
Paulo falou um pouco dos projetos e  a importância de todos saberem um pouco de tudo. “Importância de saber que um complementa o outro”. Para o Claudio, “devemos entender as fases do projeto. e quando tem alguma dificuldade perceber como uma oportunidade de aprender alguma coisa”.

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Thais Polydoro, coordenadora da Escola de Transformação

Thais Polydoro do Elos, coordenadora da Escola de Transformação, falou sobre a importância de se criar relações de confiança com quem está próximo da gente para construir um  futuro que queremos. “Vocês estão plantando sementes, para vocês desbravarem. O processo é de construção coletiva! Quem dá a direção são as pessoas que moram no lugar. Esse processo de construção de confiança só existe com a convivência no lugar”.

Como sonha seu bairro no futuro?

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Hora da dinâmica de grupo onde as pessoas falam aquilo que mais inspirou para continuar a jornada

Depois, de ouvirem estas duas histórias inspiradoras, os participantes sentam em grupos para  compartilhar o que mais  inspiraram, e como essas histórias fazem elas quererem seguir adiante no bairro.

“A história contada pelo Felipe foi uma história de inspiração, de esperança para uma mãe contou que tem um filho que vive a margem, e outra que tem esperança de que a Escola de Transformação posso modificar isso. Uma menina compartilhou que queria “ser poesia na vida de alguém”. Outro sonho é de uma escola de Jiu Jitsu, e uma escola profissionalizante, um centro cultural que fosse um espaço multiuso que possa ter escola de dança de música, entre outras atividades” disse Ana Lu da Sanasa, relatora de um dos grupos. .

“Valores, parceria comunitária, afeto, fraternidade, (entre outros). Nossos sonhos: áreas de lazer, áreas para jovens, associação dos moradores, relacionamento interpessoal entre os condomínios, contou Flávia.
“A gente tinha muita vontade de fazer mas não sabia como. Quando chegou o pessoal da Escola de Transformação e começou a fazer as coisas com a gente, aí o pessoal do bairro começou a ver que as coisas estão melhorando e que a gente vai fazer pelo bairro. Nossos sonhos:  Associação de Moradores, praça, academia de terceira idade, bastante coisa. A gente só consegue fazer as coisas junto. A gente quer fazer a diferença, vamos chamar mais gente, incentivar as pessoas, para os nossos sonhos acontecerem”, Roberto do Abaeté.
“Nosso grupo ficou  inspirado na luta deles, a liderança que não ficou reclamando, mas foi lá e fez. Os sonhos do grupo: parquinho paras crianças brincarem, espaço de lazer, praça, creche, sala de computador, cursos para idosos, crochê, quadra, escola, mercado, cooperativa de reciclagem, um espaço organizado, oficina de dança, várias oficinas, cooperativas com sobras de alimento, porque sobre muito pão, muita massa”, falou a relatora do grupo, Thalia do Sirius.
Qual a sua visão de futuro?

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“Voltamos superanimad@s do almoço. Fizemos a dinâmica de visualizar os sonhos de olhos fechados. Clarissa Muller, facilitadora da Equipe Elos, foi descrevendo a nossa visita ao Residencial Sirius e Abaeté em 2037. Como estavam lindos os condomínios, as áreas coletivas, com vários equipamentos e as pessoas utilizando esses equipamentos. Crianças fazendo atividades, e todos se cumprimentando nas ruas muito carinhosos. Muitas pessoas vindo de fora visitar essas comunidades, e as pessoas dos residenciais mostrando com orgulho o que fizeram para transformar o espaço!

Próximo passo para o sonho se transformar em realidade, foi desenhar os sonhos de cada bairro, colocando no cartaz grande, do jeito que queremos.
Como é o futuro dos residenciais Abaeté e Sirius

Painel com as visões de futuro dos residenciais Abaeté e Sirius
Painel com as visões de futuro dos residenciais Abaeté e Sirius

Roberto começa falar sobre o bairro. “Entrando no bairro, vemos todas as árvores plantadas crescidas! Relógio do tempo, transformando os projetos em realidade: academia da terceira idade, cursos de culinária, artesanato na Associação de Moradores. A Associação aberta para todo mundo com diferentes cursos, brinquedoteca, palestras sobre a natureza. Agora tem alambrado, no futuro, tem um muro com grafite, pessoal andando nas ruas, as crianças jogando bola, andando de skate, espaço de cultura com aulas de dança, música, aulas de teatro, as crianças brincando. Vilson fala que “quando vc desce a rua já vai ver o Centro Cultural, com as quadras e vamos ver nossos filhos e netos brincando lá”.

As visões de futuro vão virar uma ilustração feita pela Juliana Russo, do Cidade Para as Pessoas, para servir de inspiração para todos os participantes.

Lançamento do Edital de Projetos

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CLIQUE NA IMAGEM PARA BAIXAR O EDITAL

Thais explicou o edital que está sendo lançado no Encontro de Futuro, para as comunidades inscreverem seus projetos para serem apoiados pela Escola de Transformação. As inscrições ficam abertas até dia final de maio. Foram entregues a versão do edital impressa com as regras

Quem pode participar? Moradores dos empreendimentos.

Como funciona? Precisa ter um nome, clareza no projeto. Vamos deixar a ficha no site do Elos para quem quiser baixar e preencher.

Como vai ser a entrega? Para a equipe Elos ou Demacamp, correio, ou por e-mail.

O prêmio é dado em doação de equipamento e materiais (não é dado em dinheiro).

Como acontece? Todo mundo que se candidatar, vai apresentar o seu projeto em junho, no Festival Comunidade Empreendedoras, em 5 minutos!! Pode ser o jeito mais criativo que você quiser para defender o seu projeto!!

Fundação FEAC oferece consultoria para projetos da Escola de Transformação

Ao final, Lincoln César Moreira,  da Fundação FEAC  (Federação das Entidades Assistenciais de Campinas), agradeceu a presença de todos e explicou um pouco o trabalho que realizam como FEAC, se colocam a disposição como parceiros, ou seja, podem colocar a disposição os recursos técnicos. Viviane explica que dentro da FEAC, eles apoiam entidades e disponibilizam de diferentes apoios nas áreas técnicas, apoio jurídico, desde escrever o projeto, até elaboração gráfica de algum material, etc

Então, moradores do Sirius e Abaeté, mais um recurso que vocês têm disponível: a FEAC se coloca a disposição para auxiliar as pessoas/grupos que querem escrever algum projeto e não sabem como e nem por onde começar. Eles estão oferecendo apoio técnico para as comunidades. Aproveitem.

Thais agradeceu a parceria, assim como o ônibus que a FEAC disponibilizou para os moradores pudessem comparecer.

*A Escola de Transformação DIST Campinas é uma parceria do Elos com a Demacamp, apoiado pelo Fundo Socioambiental da Caixa Econômica Federal dentro da estratégia Desenvolvimento Integrado e Sustentável de Territórios (DIST), inclui uma série de ações: formação de lideranças comunitárias, festival de projetos, encontros de troca de experiências, visitas de inspiração em comunidades que trilham o caminho de desenvolvimento pessoal e coletivo. Agradecemos a Prefeitura de Campinas, pelo apoio, em especial ao Gabinete do Vice-Prefeito que tem feito a articulação com as Secretarias do Governo, CPFL, em especial ao Cristiano Cucattia, Minha Campinas, Oficina do Desafio do Museu de Ciência e Tecnologia da UNICAMP, que esteve presente no Residencial Sirius e Abaeté, nos dias de mutirão, Centro Cultural de Inclusão Social da Unicamp, e Fundação FEAC.

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