Adriana Rosa: ‘Conflitos fazem parte da construção de um viver social mais saudável’

“Seja a mudança que você quer ver no mundo.” Este pensamento atribuído a Mahatma Gandhi sempre me trouxe uma certa provocação, inquietação e angústia diante de acontecimentos e problemas tão complexos no mundo. Sejam eles sociais, ambientais ou econômicos.

Como ser essa mudança em mundo em que, aos meus olhos, carece de tantas transformações para se viver com dignidade e com nossa humanidade preservada? Apenas eu fazer boas ações vai trazer impactos sociais? E como iniciar transformações sem recursos, especialmente os financeiros?

Foi neste contexto que, em 2014, vi que um amigo estava participando de um projeto que chamou minha atenção: o “Guerreiros Sem Armas”. Acompanhei tudo que publicou nas redes sociais, passei a acompanhar as novidades sobre o programa. Mesmo que naquele momento, participar do GSA estivesse longe da minha realidade. Um chamado no meu coração ficou mais forte em 2019, foi quando me inscrevi e fui selecionada. Havia chegado minha vez de estar naquele universo mágico e fantástico de vivências e transformações.

De tudo que vivi, o que ficou latente em mim foi a minha transformação interna, o fortalecimento da minha identidade. De sentido, propósito, protagonismo, empoderamento, confiança. De como passei a olhar as coisas de modo diferente, a buscar belezas, o poder dos afetos. Passei a resgatar sonhos, os cuidados, realizar em comunidade, celebrar e reiniciar o ciclo a partir do que se realizou, o que se pode sonhar e realizar ainda mais.

Agora sim, depois de viver e sentir o GSA, o pensamento de Gandhi fez sentido para mim: ser a mudança que eu quero ver no mundo. Encontrei meu propósito, o meu jeito de ser. Se revelou pra mim com o que eu quero me engajar e onde desejo colocar minha energia de vida. E o que seria esse meu fazer?

Construir espaços seguros e convidativos para o fortalecimento de identidades. Um propósito de vida de construção de redes de cuidado. É isso que me propus a realizar a cada dia no meu fazer cotidiano seja em família, com amigos, no trabalho, nos coletivos e ações sociais em que atuo.

A forma como a gente se reúne nos espaços que criamos para viver em comunidade pode nos auxiliar a viver de maneira saudável, mas naturalmente podem escalar confrontos e desconexões que não alimentam impactos positivos. Precisamos de um olhar atento e cuidadoso com essa intenção. A busca por atender necessidades de pertencimento, afeto e harmonia. A comunidade não deve se tornar uma forma de evitar conflitos e silenciar vozes diante de questões sociais estruturantes.

Os conflitos existem e fazem parte da construção de um viver social mais saudável, justo e equânime. O foco deve ser a forma que lidamos com essas divergências, daí a relevância de ter espaços de diálogos seguros e convidativos em que as pessoas possam pertencer integralmente com suas identidades e o seu jeito de ser no mundo sem precisarem se moldar ou encolher para caber nos espaços. Sigo alguns pilares de sustentação para que esses espaços aconteçam:

  • Preparar o ambiente (anfitrionar): Pensar previamente com afeto, carinho e criatividade em preparar um espaço harmonioso, convidativo para receber quem estará no ambiente e acolher as suas necessidades.
  • Identidade: Reconhecer a singularidade e a individualidade de cada pessoa dentro do coletivo. O que nos une e o que nos separa, buscando conexões autênticas com respeito e alteridade.
  • Experiências e vivências: Valorizar, respeitar e utilizar os aprendizados e a experiência de vida que cada um traz consigo em sua bagagem.
  • O poder do coletivo: Trazer à tona para o consciente o que o grupo sonha e quer realizar em conjunto, as expectativas e os valores. Isso gera conexão, engajamento e comprometimento.
  • Cuidar das relações: Criar condições para que as relações sejam saudáveis e cultivá-las com equilíbrio, preservando os afetos, a comunidade, sua autonomia e a interdependência.
  • Sentir as mudanças: A vida é movimento, um fluxo contínuo de vida e morte, celebrações e lutos. É esse fluir que traz energia e renovação e isso só acontece quando percebemos o que está vivo tanto no consciente quanto no inconsciente das relações saudáveis. As relações precisam ser sentidas, ouvidas e movimentadas para evitar a estagnação e o silenciamento.

Eu sou a Adriana Rosa, moro em Coronel Fabriciano, em Minas Gerais. Atualmente trabalho na Prefeitura de Ipatinga, dentro da Secretaria de Assistência Social com gestão de contratos e convênios.

Sou Graduada em Administração, com pós em Gestão Pública. Aprendiz e facilitadora de Comunicação Não Violenta e Letramento Racial e Diversidade. O interesse por autoconhecimento, relações humanas, felicidade e bem-estar e propósito me levou a cursar a graduação tecnóloga em Ciência da Felicidade e no momento cursando Psicologia.  Sou uma pessoa sonhadora e inconformada com algumas situações de desigualdades, preconceitos e opressões socialmente naturalizadas. Amo música, teatro, cinema e as artes em geral. Aprecio bons momentos com amigos e família.

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