Como o Guerreiros Sem Armas ajuda a pensar na importância da Diversidade

No Dia Mundial da Diversidade, participante da edição de 2017 do GSA recorda importância do programa para despertar seu desejo em lutar por ambientes de trabalho mais inclusivos  

Agnes Sofia Guimarães e Daniella Dolme

Prosperidade, desenvolvimento sustentável e uma coexistência pacífica mundial só são possíveis por meio de uma cultura diversificada. É o que diz a Declaração Universal sobre Diversidade Cultural de 2001, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que elegeu a data de 21 de maio para celebrar o tema. 

Seguindo os passos da ONU, o Instituto Elos comemora o Dia Mundial da Diversidade com a preparação da etapa presencial do Guerreiros Sem Armas(GSA), programa internacional de formação de lideranças, que neste ano completa 25 anos.

A turma da próxima edição está praticamente definida, e conta com participantes de onze países, representando quatro continentes: América do Sul, Europa, África e Ásia. Das pessoas já selecionadas até agora, 63% são mulheres, 33% homens e 4% se declaram de outro gênero.

Durante todo o ano, o programa combina ensino à distância com experiências imersivas de 28 dias em campo, em atividades que trabalham o desenvolvimento de competências socioemocionais e técnicas de liderança para projetos de impacto social.

Na etapa presencial, que acontece em julho, na cidade de Santos/SP, os participantes convivem durante o mês todo em um alojamento compartilhado, e trabalham ao lado de comunidades locais para a realização de sonhos coletivos priorizados pelos moradores e moradoras.

Ampliando a palavra da Diversidade

Formada em Administração de Empresas, a pernambucana Jully Neves conta que sempre quis atuar em grandes multinacionais, mas o desejo em atuar com temáticas sociais passou a falar mais alto durante sua carreira. Passou a atuar com educação social para pessoas em situação de vulnerabilidade em Recife, cidade onde mora.

Ao participar do Guerreiros sem Armas em 2017, Jully conta que mudou sua percepção sobre diversidade. Ela define a experiência como um momento de reconexão com sua essência, a partir do qual pôde se reconhecer como uma pessoa marcada pela diversidade e na importância de se engajar pelo tema a partir da prática e de construções coletivas com as pessoas ao seu redor.  

“Quando se fala em diversidade, ainda há uma forte associação com a teoria. No entanto, no Guerreiros Sem Armas, existe um processo teórico essencial, mas a prática é o que realmente concretiza e complementa essa teoria. Diversidade não se compreende plenamente sem a união de teoria e prática.”, comenta. 

Após o GSA 2017, Jully Neves passou a atuar como consultora de Diversidade e Inclusão. Foto: Acervo Pessoal

Após o GSA, Jully resolveu se aprofundar em estudos que a ajudaram a transitar da educação social para o ambiente corporativo, em que consolidou, nos últimos anos, uma carreira como consultora em Diversidade e Inclusão, área em que destaca, principalmente, os temas de raça, gênero, comunidade LGBTQIAPN+ e neurodiversidade. Além de palestras e consultorias, já publicou ebooks sobre os temas. 

No estudo “Ações Afirmativas no Mundo Corporativo: um estudo sobre o impacto da diversidade no mercado de trabalho”, o ID_BR (Instituto Identidades do Brasil), constatou que, para cada 10% de aumento na diversidade étnico-racial, observou-se um incremento de quase 4% na produtividade das empresas.

No entanto, Jully destaca que as empresas ainda possuem muitas dificuldades em reconhecer o valor de equipes de profissionais mais diversificadas. 

“Sou uma mulher negra, lésbica, nordestina, autista, com TDAH e bipolaridade. É muita diversidade, né? (risos). Mas infelizmente, o mesmo mercado que tem falando em diversidade ainda me exclui devido a essas características. Já passei por situações em que, em uma entrevista, a psicóloga me perguntou se eu tomava medicações e quais seriam.”, lamenta.

Apesar dos desafios, July encontrou no trabalho uma forma de não abaixar a cabeça: ao atuar como consultora de Diversidade e Inclusão para empresas, ela enxerga cenários de abundância oferecidos pelo mundo, tal como ela trabalhou durante sua passagem pelo programa GSA. 

“Mesmo que ainda a passos lentos, a sociedade tem cobrado mais respeito, equidade e direitos. Sou uma dessas profissionais que trabalha para que tudo isso aconteça. Quando penso em diversidade, eu penso em um mundo justo e próspero para todas as pessoas”, reflete.

“Quando se fala em diversidade, ainda há uma forte associação com a teoria. No entanto, no Guerreiros Sem Armas, existe um processo teórico essencial, mas a prática é o que realmente concretiza e complementa essa teoria. Diversidade não se compreende plenamente sem a união de teoria e prática.”, comenta Jully. Foto: Paulo Pereira

Transformações de valor fora do escritório 

A abundância que July vislumbra em seu trabalho a partir da sua formação no GSA é um dos principais legados para os participantes do GSA, sobretudo na etapa de mutirão do Programa Guerreiros Sem Armas: com poucos dias de trabalho pela frente, os participantes trabalham para concretizar sonhos das comunidades.

Na Vila dos Criadores, bairro da cidade de Santos, a população conseguiu seu centro comunitário a partir de um mutirão da turma GSA de 2022. Depois de cocriar, com os inscritos do programa, um plano de ação para a construção do centro, os moradores passaram a ser acompanhados pela equipe de profissionais do Instituto Elos após o término daquela edição do programa.

No final de 2023, o centro foi finalmente inaugurado. Uma concretização de um projeto construído a partir de uma diversidade de repertórios étnicos e sociais, como indica a gestora do projeto, Mariana Gauche, também co-fundadora do Instituto Elos. Ela explica que o plano mostrou o impacto da coletividade e da participação de vozes e talentos diferentes, o que motivou os moradores a trabalhar pela construção do local físico do centro após a interação com os guerreiros.

“O mutirão que aconteceu no GSA foi apenas o pontapé inicial para o centro, mas levou à construção de um plano sólido e inteligente, que contou com o conhecimento dos moradores sobre o território e com as visões de mundo dos participantes do programa, cada um com seu repertório de vida de cantos diferentes do Brasil e do mundo. Mostra que o mutirão do GSA é uma tecnologia social em si”, destaca.

 

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