As sociedades atuais apresentam inúmeras complexidades e desafios, próprias de um panorama global interconectado nos âmbitos econômico, social, politico, cultural e ambiental, atravessando, transversalmente, as relações sociais e ambientais pela tecnologia e os meios de comunicação. Evidenciam-se disputas de identidades por focos de resistência numa relação complexa entre centro e periferia, abrindo espaço a tensões criativas por novos atores, novas narrativas e novas coletividades que, inspiradas na abundancia, tem estabelecido relações de solidariedade como resposta ao esfacelamento dos tecidos sociais, a crescente desigualdade e a insistente concorrência que impõe um sistema de desenvolvimento baseado na escassez. A mesa: “Uma nova narrativa para o mundo que todos sonhamos” dispõe-se a refletir sobre os horizontes possíveis que abrem as comunidades de resistência nas tensões presentes entre os âmbitos global e local.
Quais os novos parâmetros para formação de comunidades? Que práticas comunitárias sustentáveis estão ao serviço da comunidade? Pode a comunidade, baseada em relações de confiança, trazer novas alternativas para o mundo?, são algumas das perguntas que iram orientar a discussão.
Diego Vicentin (UNICAMP) iniciou a última roda de conversas sobre Novas Narrativas. Ele falou sobre como as decisões tecnológicas são no fim das contas decisões políticas.
“Hoje o domínio da tecnologia está centrada na mão de poucas pessoas, sendo que a internet virou um aparato de controle e vigilância. Mas quando há uma pressão de cima para baixo, os focos de resistências começam a aparecer, como no caso das redes comunitárias, que operam em faixas de rádio”.
“Assim como Buckminster é necessário trocar a chave, pois a economia está baseada num modelo de escassez, quando na verdade a inteligência humana pode prover a todos com um projeto de vida, e não de morte”.
Luanda Nera (Nossa São Paulo) fez a segunda fala da última roda de conversas. Ela apresentou o projeto Mapa de Desigualdade que reúne diferentes dados econômicos, sociais e culturais por região de São Paulo, e que podem servir de base para formulação de políticas públicas.
“A meta é criar um banco de boas práticas, com soluções viáveis para uma mudança sustentável. A partir do Mapa da Desigualdade fica visível quais os índices que devem ser melhorados em São Paulo, e um dia em cada região ter todos os serviços (centros de cultura, cinema, saúde, escolas) num raio de 300 metros de unidade de vizinhança”.
Claudia Visoni (Hortelãos Urbanos) encerrou a roda de conversa sobre Novas Narrativas, dando uma aula de ativismo comunitário.
“Todo o nosso sistema é baseado numa ideia de escassez, que não tem para todo mundo, então cada um tem que garantir o seu. Não fomos educados para a cooperação, para agir dentro de um modelo em que um possa apoiar o outro”.
Para quem estiver disposto a se transformar, seguem as dicas da Claudia:
1. Ouvir é mais importante do que falar
2. Viabilizar a ideia de outra pessoa do que criar uma nova
3. Igualdade na divisão do trabalho ao invés de muitos trabalharem para as idéias de poucos
4. Acreditar na abundância, ou seja, que tem para todo mundo
5. Aceitar o caos, levar o imprevisto com leveza
6. Muitos projetos se enfraquecem porque o projeto vira de fulano e não de todos
7. Colocar a mão na massa usando o que se tem a mão. Coisas impossíveis acontecem neste momento O Festival Elos é uma parceria com a Codesp, e tem apoio da EC Juventude da Nova Cintra, G.R.C.E.S.Unidos dos Morros, Paróquia São João Batista, Subprefeitura dos Morros de Santos – PMS, Secretaria de Cultura – PMS, SESC Santos, Sociedade Melhoramentos Morro Nova Cintra, Unisantos. Apoio Institucional ADM