O dia da inauguração da padaria comunitária amanheceu chuvoso. Logo cedo uma doação de plantas para o jardim, prometia fazer o quintal ainda mais bonito, mas ao mesmo tempo demandava um grande trabalho para fazer tudo ficar pronto nas próximas 8 horas. O pequeno mutirão começou e a ajuda chegou de diversos lados. No quintal, Christina Gerodetti, voluntária do Aramitan e estudando do Yip na Suécia, e David, pequeno morador do Paquetá, experiente em ações no bairro já que esteve presente nas ações do Guerreiros Sem Armas no bairro em 2007, carregavam entulho, espalhavam areia, preparavam canteiros, retiravam o lixo. No interior do prédio equipes diversas se revezaram entre instalar equipamentos de segurança, finalizar acabamentos, organizar equipamentos e limpar… Enquanto isso na ACC um movimento frenético na finalização das comidas e bebidas que abasteceriam a celebração tão aguardada.
Um sem número de crianças se juntou ao grupo que se apertava dentro da padaria. Copos lavados, cortinas penduradas, lâmpadas de segurança devidamente instaladas… Os convidados começaram a chegar. Waldir Ramalho da Petrobrás, acompanhado por Daniela Daniele logo entraram em uma conversa animada com a Débora da ACMD, e começaram e ter idéias para incrementar ainda mais as atividades da padaria. As representantes da ONG moradida e cidadania eram um sorriso só, e não se assustaram diante da chuva. O HSBC estava representado por Lia Cassettari, que não hesitou e colocou a mão na massa ajudando na cozinha e pajeando as crianças. Fausto Figueira, Célio Nori, Elza Correia, Natasha Gabriel, André Mafra… Muitos nomes, muitos sorrisos, muita felicidade, enchiam o ambiente. Quando as mulheres chegaram trazendo os pãezinhos de batata, o bolo de laranja e as esfihas, o momento foi de emoção, não apenas para os que estavam esperando, mas para elas, que viam pela primeira vez a padaria toda arrumadinha, com os equipamentos no lugar. A emoção de todas pode ser resumida e expressa pelo sorriso orgulhoso de Elisângela cortando e servindo o primeiro bolo da produção da padaria e pelas lágrimas da Vera que acompanharam suas palavras inspiradoras: “Esperei a vida inteira por uma oportunidade assim, achei que chegaria quando eu era jovem… Chegou agora, e não vou agarrar com todas as minhas forças!”
De fato, dentro da casa iluminada, depois de ouvir os agradecimentos da Samara e do Igor na cerimônia de abertura, era palpável o sentimento de satisfação. Enquanto os meninos do grupo de street dance se apresentavam diante de uma platéia admirada, era quase possível ouvir o bater uníssono de muitos corações e um só desejo de cada vez mais sucesso para essa padaria, para essa comunidade. Nunca um nome foi tão apropriado: Um Só Coração.
No dia seguinte, ainda viva a lembrança carinhosa da celebração, uma clareza desafiadora: isso foi só o começo. A Padaria Comunitária Um Só Coração veio para ficar.